sillent hill

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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

O Barril parte 2
“Que maravilha de barril Fernando.” – disse Diego.
“O que você esta fazendo aqui? Você esta morto.”
“Morto... eu não usaria esse termo, mas deixa isso pra lá. Você não vai pra festa?”
“Diego, esse barril é maldito. Desde que eu recebi só tem acontecido coisas ruins por aqui.”
“Deixe de bobagem Fernando. Eu te mandei esse barril porque eu sabia que você não bebia, eu não sabia que seu pai ia esvaziar ele tão rápido. Vai pra festa e não deixa ninguém tomar a bebida. O barril não pode esvaziar, nunca. Rápido vai logo.”
“Desde a chegada desse barril eu tenho visto dois fantasmas, um homem e uma mulher. De alguma maneira eu sei que alguma coisa tem ai.”
Diego mudou a cara de repente, raiva e ódio tomaram conta de sua forma que se aproximava de Fernando que andava para traz. Eles escutaram sussurros no quarto e quando olharam em volta o casal fantasma estava com eles. A imagem de Diego começou a desaparecer, mas foi impedida pelo homem que o segurava firme.<
“Se você quer ser livrar de nós vai para a festa de seu pai e destrói o barril, a bebida esta envenenada. Estamos tentando te ajudar.” – disse a mulher.
“Você vai acreditar nessa idiota ou em seu amigo? Eu só não quero que o barril esvazie é só isso.”
Fernando vestia somente um short e sandálias saiu correndo de seu quarto e foi em direção ao salão de festas. Um dos empregados o vendo-o correr em direção à festa tentou impedi-lo, pois sabia de sua condição mental e não queria que seu pai fosse envergonhado na frente dos convidados. Fernando empurrou-o no chão e continuou até chegar ao salão de festas.
“Ninguém tome a bebida desse barril, ela esta envenenada.” – disse Fernando dando um tapa na mão de um dos convidados que aproximava o copo da boca fazendo o copo estilhaçar no chão.
Os convidados da festa o olhavam aterrorizados, alguns tentavam vomitar a bebida outros jogavam os copos no chão pedindo explicação para o que acabaram de ouvir. O pai de Fernando veio correndo sua direção assustado com aquela revelação e a aparência de seu filho.
“Eu não fiz nada, mas os fantasmas que eu venho vendo faz um tempo acabaram de me dizer.”
A expressão no rosto de seu pai mudou de assustado para triste, seu filho realmente não estava curado. Qualquer um mesmo não sendo médico sabia que ele não era normal.
“Vamos ir para seu quarto e conversar, você não esta bem.”
“Você não acredita em mim não é pai? Seu filho louco não pode estar dizendo a verdade sobre fantasmas não é? – gritou Fernando puxando seus cabelos e deixando seu corpo cair no chão.
Seu choro podia ser escutado em todo salão onde os convidados confusos assistiam a cena familiar. Acenando dois seguranças da festa seu pai ajudou a carregá-lo até seu quarto onde pediu que um dos seguranças que guardasse a porta e não o deixasse sair e voltou para a festa.
“Desculpem meus amigos, mas meu filho não esta bem mentalmente. Tudo foi invenção de sua cabeça e não tem nada errado com essa bebida eu lhes mostro.” – disse enchendo um copo com a cachaça do barril e tomando até a ultima gota. “Viram, posso garantir, eu e muitas outras pessoas já tomamos dessa bebida e nada aconteceu. Agora voltemos à festa.”
Os convidados pareciam estar mais tranqüilos, porem sentiam-se mal por ele que depois de ter perdido a esposa havia ficado com um filho louco para cuidar sozinho.
>Enquanto isso Fernando estava em seu quarto chorando e o fantasma da mulher o observava pacientemente.
“Você sempre foi fraco, posso ver em você o exemplo feio da fraqueza que algumas pessoas carregam por toda a vida. Usou a morte da mãe e da namorada para se entregar a loucura e recusa-se a sair dela. Sempre foi mais fácil não é?”
“O que você quer? Deixe-me em paz. Olhe sua cara, esta toda podre, você fede. Some daqui.” – disse Fernando com ódio.<
“Não. Eu vou estar com você para sempre, quando você acordar de madrugada eu estarei lá. Quando estiver comendo, se vestindo, qualquer coisa eu estarei lá, vou te atormentar até o dia em que você se matar assim como o Diego.”
“Por favor não. O que você quer?”
“Destrói o barril e eu vou embora. Eu quero ver ele em pedaços e depois queimado, eu te prometo nós vamos te atormentar se você não fizer isso agora, é sua última chance.”
Fernando fechou os olhos sentiu uma vez mais o ar ao seu redor congelar, os dois fantasmas que o atormentavam estavam à sua frente. Ele sentiu suas mãos geladas e úmidas tocando seu rosto e uma vez mais sentiu um que nunca houvera sentido. O barril veio a sua mente e um sentimento de ódio e repugna pelo objeto veio a sua cabeça e a partir daquele momento ele decidiu que o barril seria destruído custe o que custasse. Ele abriu os olhos e os fantasmas tinham desaparecido. O plano para destruir o barril já estava armado em sua cabeça. Quando abriu a porta do quarto o segurança o barrou.
“Por instruções de seu pai você vai ficar ai até o final da noite.”
Ele voltou para o quarto e fechou a porta. Olhou para a única saída disponível a sacada de seu quarto. Caminhou até lá e olhou para o jardim, apesar de ele estar somente no segundo andar a queda lhe parecia grande. Notou que do lado de fora da sacada havia um pequeno parapeito, no qual ele poderia caminhar apoiando se na grade e enfim saltar para a grade do muro e de lá seria fácil apoiar-se para descer.
Alguns minutos depois ele estava no térreo onde foi até um cômodo onde os empregados guardavam ferramentas e agarrou o machado que estava pendurado na parede. Pela primeira vez em sua vida estava determinado a fazer algo que ninguém pudesse impedir. Seguiu em direção ao salão de festas onde um dos seguranças avistou-o de longe e correu ao seu encontro.
“O que você esta fazendo rapaz, volta para o seu quarto como seu pai mandou.” – indagou o segurança que mal pode terminar de falar.
Com a parte de trás do machado Fernando acertou a testa do segurança sem pensar na vida do homem ou mesmo em possíveis conseqüências de seu ato. A fúria que sentia com aquele barril bloqueava todos seus pensamentos e seu foco era destruí-lo.
Enfim entrou no salão de festas ainda vestindo somente um short. A visão do rapaz parcialmente nu com um machado na mão fez com que vários dos convidados saíssem da festa às pressas, outros porém, ficaram para ver o espetáculo.
“Fernando meu filho, solta esse machado.” – ordenou seu pai.
Uma vez mais sem pensar ele acertou o rosto de seu pai com a ponta do cabo do machado fazendo-o desmaiar no chão. Olhou para o barril, ali estavam os três fantasmas. A mulher ansiosa para que sua vontade fosse consumada enquanto o homem parecia torturar Diego que gritava ao amigo.
“Não Fernando, não faz isso.”
Fernando se aproximou do barril ergueu seu braço, concentrou toda a força do seu corpo no cabo do machado e acertou a lâmina afiada do lado do barril. O liquido jorrou pela fenda e ele continuou dando golpes consecutivos no barril. Para o horror de todos os presentes vendo aquela cena que por si já era terrível, uma mão humana saiu pelo pequeno buraco aberto. Com a palma para cima todos podiam ver sua pele apodrecida. Os convidados da festa vomitaram ao descobrirem que tomaram uma bebida contaminada por um cadáver humano.
Um novo tormento se apoderou de Fernando que a partir daí decidiu a acertar o machado na chapa metálica na extremidade do barril a qual sustentava todas as vigas de madeira juntas. Cada vez mais forte ele acertava o metal, o barulho ensurdecedor deixava as pessoas mais nervosas. O metal cedeu o peso da bebida fez com que as vigas cedessem fazendo o barril despedaçar. Uma multidão de gritos tomou conta do lugar, pois alem da bebida, dois corpos putrefatos se estendiam pelo chão. Um dos corpos, de aparência masculina, tinha o rosto todo disforme, devia ter sido morto a pancada na cabeça. Fernando não escutava nada, estava hipnotizado pelo que acabara de descobrir.
Algumas horas depois a policia chegou ao local. Um dos policiais contou que a esposa de Diego supostamente havia fugido com seu amante e boa parte do dinheiro, mas agora descobriram que os dois foram assassinados antes da fuga e Diego havia escondido os corpos no barril. Fernando foi preso, acusado de cumplicidade no crime e foi mandado de volta ao hospício onde vive há mais de vinte anos. Os espíritos o deixaram em paz, mas sua sanidade foi abalada para sempre.

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