sillent hill

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sexta-feira, 24 de abril de 2015

Muito Obrigado pessoal

Muito Obrigado Pelas 735 Vizualizações pessoal, Novidades Virão Muito em breve.

Aviso Importante

Pessoal Desculpa o Atraso das creepypastas, Tive uns Contratempos que acabou atrapalhando mas eu irei postar hoje mais cedo as 20:30

quinta-feira, 23 de abril de 2015


Suposta História Do Flappy Bird


Olá seres obscuros?Como estão?
Tem tido boas noites de sono?
Leiam abaixo a suposta história do jogo.




Um assunto curioso e um tanto estranho.
Costumo visitar a deep web de vez em quando, embora ela tenha se tornado notória recentemente, ela já existia, sempre existiu.
Pouco tempo atrás me deparei com algo que achei interessante mas que não era relevante, algo que não dei muita atenção porém, passei essa madrugada toda tentando localizar o que eu havia visto pois, achei que gostariam de saber de uma história que chamo de "coincidência intrigante."
Antes de começar a história, vai aqui um resumo do que é a deep web:
Muitos conhecem ou ao menos já ouviram falar da chamada Deep Web, estou certo disso.
Por lá encontramos todo o tipo de informação e a quantidade de coisas bizarras e até mesmo desumanas são abundantes.
Em resumo, na deep web está tudo aquilo que o google e outros buscadores desprezam e o motivo é óbvio, o conteúdo geralmente é ilegal.



Muitos já sabem, para navegar na deep web basta ter um navegador específco mas, o que a maioria dos usuários comuns desconhecem é que a deep web possui níveis mais profundos e nem sempre os aplicativos padrões da própria deep web são capazes de chegarem nesses níveis.
Estou falando do que há muito além da deep web, falo da última camada chamada: Marianas Web.
A deep web é uma criança perto do primeiro nível da camada Mariana, muitos pensam ter acessado informações privadas e bizarras na deep web mas a verdade é que parte do que está ali é fake, um "vídeozinho" de alguém sendo decaptado, um animal sendo queimado vivo, por conta dessas coisas muitos pensam terem chegado ao fundo da deep web mas, estão enganados, o fundo é tão dificil de se ter acesso que até mesmo o FBI tem dificuldades em checar, ali é para poucos e sem conhecimento avançado, sem alguém que é parte disso para lhe dar as instruções e sem a ajuda de diversos softwares você não será capaz de acessá-la, eu não recomendo mas, se você é uma pessoa teimosa ao menos tenha um pc só para isso pois, ali a coisa não é brincadeira.
Agora que resumi a questão, contarei uma histórinha...
Na Marianas web existe o site de um grupo conhecido por "Devil Mate." Trata-se de uma seita satânica bem diferente de todas as outras que já conhecemos antes.
Para começar, o local é um fórum e aceita qualquer um como membro porém, os membros devem evoluir para ter acesso às informações e a única maneira de fazer isso é praticando rituais bizarros que deverão serem gravados em vídeo como uma maneira de comprovar o ato.
Os usuários membros possuem um nível que vai desde o 1 ao 66.
Usuários nível 1 não praticam rituais, basicamente são os considerados "leitores."
Depois de um tempo, a pessoa decide se quer ou não fazer parte da seita e do nível 2 em diante a coisa pega.
Beber sangue de galinha preta, comer um coração cru de um porco, beber sangue de virgem menstruada, essas são apenas algumas das obrigações dos membros que se aprofundam nessa seita e acreditem ou não, existem outros rituais ainda mais macabros e de nível extremamente cruel por lá.




Mas a questão é:
Por que alguém faria isso? Ou melhor! Em troca de que?
A resposta é: Dinheiro e fama.
A proposta da seita Devil Mate é a de formar um exercito de pessoas bem sucedidas financeiramente aliás, essa é a meta deles.
Há muito do bizarro e estranho por lá e parece que todos os membros estão satisfeitos com os resultados, funciona assim:
Para cada nível, o membro pratica um ritual, depois disso os anciões (acho que são os moderadores ou líderes da seita) instruem o membro com uma espécie de manual detalhado sobre o que ele deverá fazer para ser bem sucedido financeiramente, por exemplo:
Se a pessoa trabalha com uma franquia de fast food, deverá seguir algumas regras e rituais, assim ela terá prosperidade financeira em seu negócio.
Eu realmente vi muitos membros por lá e teve um que me chamou muita a atenção:

Usuário Gnod...
Esse usuário parece estar em um nível relativamente avançado,
Em uma das discussões do forum Gnod recebeu uma tarefa definitiva para alcançar o primeiro nível de prosperidade, ele já havia feito outras tarefas antes mas agora, ele passaria para o nível 27, esse parece ser o nível onde as coisas começam a andar.
Depois de ter cumprido com a tarefa ele recebeu instruções do que deveria fazer para alcançar o sucesso. As instruções estão criptografadas e podem ser lidas por meio de um criptograma especifico criado pela a Devil Mate, apenas usuários de confiança e de determinado nível conseguem a ferramenta e antes que me perguntem como eu consegui, aqui vai a resposta: Não sou membro, apenas consegui.

Na instrução criptografada contém um código fonte de um software que Gnod deveria desenvolver, o código não é completo, apenas algo oculto dentro disso tudo. Tal software faria render muito dinheiro para Gnod e a data da discussão é do final de 2012 e se trata de um jogo que deveria rodar nas plataformas iOS e Android. Após a publicação do suposto jogo, Gnod deveria realizar mais um ritual e apartir daí, seu sucesso seria absoluto, em outras palavras, Gnod se tornaria bem sucedido financeiramente.
Agora, veremos a razão por tal assunto chamar um pouco minha atenção, veja essa imagem abaixo:




Você notou algo familiar nisso? O desenho de um pequeno pássaro na imagem é idêntico ao de um jogo chamado Flappy Bird. O jogo fez muito sucesso e o seu desenvolvedor ganhou (e ainda ganha) muito dinheiro com ele mas...
Por incrível que possa parecer, sem motivos, causa ou razões divulgadas, o desenvolvedor resolveu publicar em seu perfil no Twitter que irá retirar o jogo do ar.
Ele não diz a causa, apenas diz "Eu não aguento mais."
Veja:




Agora, vamos analisar algumas coincidências:

Na pagina do grupo Devil Mate, temos uma imagem de um jogo que conhecemos e isso meses antes do lançamento do jogo, além disso temos o nome "Gnod," que se escrito ao contrário fica Dong.
O jogo Flappy Bird foi desenvolvido por Dong Nguyen e agora fica a pergunta:

Gnod e Dong são pessoas diferentes?
Por que Flappy Bird, que rende milhares de dólares por dia, foi descontinuado com uma única frase,"não aguento mais" ?
Essa história toda é uma simples coincidência, ou há algo oculto nisso?
Pense no que quiser, estamos apenas supondo algo mas, se tudo tiver uma ligação então o que vem depois disso?
Dê a sua opinião!
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Aviso importante:

Eai Pessoal Beleza? só um aviso Postarei Creepypastas novas as 22:00 fiquem atentos :)

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sexta-feira, 17 de abril de 2015

A Casa De Campo -Parte 2


“Vamos sair da casa.” – gritou Roger.

Os três correram para a sala de entrada mas pararam quando entraram. Bloqueando a porta de saída estava a velha e dois homens mais jovens, também sem olhos e pele acinzentada, vestindo trapos velhos e sujos.

“O que vocês querem?” – Gritou Carol.

Um dos homes apontou para cima. Os três olharam e se viram pendurados no teto pelo pescoço, enforcados e mortos. Alex começou a chorar e abraçou os pais.

“Não tenha medo filho.” – disse o pai puxando uma corrente que tinha em seu pescoço.

Roger estendeu sua mão mostrando o pingente da corrente que usava. A velha gritou, sua boca abriu como se ela fosse engoli-los e do vazio onde seria seus olhos saia fogo. Os dois homens estavam grunhindo e correram para traz da velha que por sua vez continuava abrindo a boca.

Os três começaram a andar em direção à porta principal. Roger continuava com a mão estendida mostrando o pequeno talismã e os fantasmas iam se afastando na direção oposta. A velha soltou um berro de ódio e milhares de abelhas começaram a sair de sua boca rodeando a família, porém nenhuma foi capaz de tocá-los então Alex abriu a porta e saiu da casa.

“Meu Deus.” – exclamou o rapaz.

Quando todos olharam para fora puderam ver centenas de fantasmas, não eram pessoas más, eram prisioneiros dos fantasmas perversos que os atormentavam. Carol lamentou pelas almas mas não havia nada que pudessem fazer. Continuaram caminhando cercados de abelhas e espíritos até a cerca que dividia a casa com o resto do lugar, os três fantasmas sempre seguindo eles gritando e tentando alcançá-los. Quando passaram pela cerca o silêncio tomou conta do lugar, o único que escutavam vinha dos grilos e do vento. Olharam para trás e o lugar estava vazio, a única coisa que viram era seu carro.

“Deixa esse carro velho ai.” – disse Roger sorrindo para a mulher.

“O que é isso que você tem ai?” – perguntou Alex apontando a corrente do pai.

“Eu visitei uma tribo indígena com meu pai quando eu era criança, quando estava indo embora, o líder da tribo pediu ao meu pai que eu participasse de uma cerimônia. Meu pai deixou e eu dancei e comi com eles, no final ele me deu esse talismã de madeira e me disse que era um protetor de maus espíritos e que eu deveria usar sempre que saísse da cidade.

Enquanto saiam da propriedade dois olhos flamejantes os observavam pela janela de dentro casa. O único que a velha podia fazer era esperar por novos visitantes.

Quando chegaram à cidade mais próxima comentaram do acontecido com alguns dos moradores e eles disseram que aquela casa era de uma bruxa que foi queimada na fogueira pelos moradores da região a mais de trezentos anos atrás e seu espírito ainda continuava lá espalhando a maldade pelo lugar, ninguém se atreve a entrar lá então o local fica abandonado. Dizem que se você passa por lá de noite pode ver a velha bruxa dentro da casa te convidando para entrar.

A Casa de Campo Parte 1


Era uma noite de sexta-feira de inverno, o frio não era muito mas algumas pessoas usavam casacos pesados. Carol sentia o ar gostoso no rosto pela janela do carro, apesar de gostar mais de calor o frio a estava fazendo bem esse ano. Ela, seu marido Roger e o filho adolescente Alex estavam viajando para uma casa de campo que tinham alugado para passar o fim de semana.

“O que é aquilo?” – perguntou ele apontando para o horizonte.

“Não estou vendo nada.” – respondeu Carol.

“Acho que é uma pessoa andando na estrada, que coisa louca. Vou passar devagar para evitar que...”

Ele foi interrompido por um estrondo de algo se chocando contra o para brisa. Roger agiu rápido e freou com força, por alguns instantes perdeu o controle do carro que girou algumas vezes até parar.

Desceu do carro e correu em direção ao objeto com que ele havia chocado. Olhou pro chão e se deparou com um abutre nojento que já estava morto. Ele sentiu um calafrio estranho olhando o animal. Voltou para o carro, a mulher e o filho passavam bem e ninguém se machucou. O para brisa do carro estava todo trincado, mas era somente isso. Olhou novamente para onde havia visto a pessoa andando mas não viu nada.

Seguiram a viagem por duas horas até que chegaram ao lugar. A primeira coisa que os três notaram foram as árvores do lugar, elas não tinham folhas, era pura madeira.

“Lugarzinho tenebroso, nas fotos do site parecia muito melhor” – disse Roger olhando ao redor.

“Nossa, vamos embora ta me dando calafrio só de olhar pra esse lugar, dois dias aqui vão ser longos!” – exclamou Alex.

“Já pagamos pelo lugar agora vamos ficar, deixem de ser medrosos.” – Disse Carol já destrancando a porta da casa. “Se vocês não gostaram do lado de fora esperem até ver esse lixo, até eu quero ir embora.” – reclamou ela.

Roger entrou e entendeu a indignação da mulher, a casa por dentro fedia, a mobília velha e podre e as paredes estavam todas manchadas de tinta de cores diferentes. O piso era de cimento vermelho e todo rachado. Os três decidiram ir embora e entraram no carro que no momento da partida estourou alguma coisa no motor e saiu fumaça na frente do carro. O medo tomou conta dos três, de noite, no meio do nada e sem carro para sair dali era tudo que eles não queriam.

“Vamos descer estamos presos aqui pela noite, amanhã eu pego uma carona até a cidade mais próxima e procuro um mecânico.” – disse Roger já abrindo a porta do carro.

Depois de algumas horas de tédio todos foram dormir. No meio da noite Alex acorda e sente que alguém estava se deitando em sua cama, o escuro era total e não podia enxergar nada. Ele perguntou quem era, mas a pessoa ficou calada. Sentiu uma mão tocar seu rosto e ele se apavorou, o medo era tanto que ele não podia respirar, sabia que aquela mão não era de seus pais, mas estava com muito medo para reagir.

“Tão macia e limpa sua pele, isso vai acabar.” – disse a pessoa que estava deitada com ele.

Pela voz Alex percebeu que era uma mulher e muito velha. Ele sentiu a adrenalina subir e então acendeu vela do lado da sua cama. Quando se voltou para ver quem era a imagem o aterrorizou, a mulher era realmente velha, e no lugar dos olhos estavam somente os buracos. Alex gritou e segundos depois seus pais entraram no quarto. Eles viram a mulher na cama, Carol quase desmaiou e Roger gritava e tremia.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Acidente Na Estrada

Todos os anos eu passava as férias de julho na fazenda dos meus tios no interior do Rio de Janeiro. Os fatos que vou contar aconteceram em 1989 quando eu tinha 17 anos e de aí em diante mudaram minha fé e concepção do mundo.

Eu, meu tio e dois primos estavam jogando baralho enquanto esperava minha tia terminar o jantar. A fazenda era muito antiga e já estava com minha família a varias gerações, infelizmente nessa época ainda não havia eletricidade no campo e os geradores eram muito caros para meu tio, então era tudo iluminado na vela e lampião, o que dava um aspecto tenebroso ao lugar. Chovia muito forte nesse dia e os cachorros estavam dentro da casa mas mesmo assim estavam muito inquietos.

“Eu não gosto quando eles estão assim, sempre acontece algo estranho.” – disse meu tio apontando os cachorros.

E os quatro riram do comentário que ao momento pareceu engraçado. Ainda estávamos rindo quando ouvimos alguém bater forte na porta. Todos nós pulamos de susto e meu tio foi atender a porta seguido de minha tia que veio rápido da cozinha ver quem era a visita inesperada. Quando meu tio abriu a porta vimos um homem que estava todo molhado da chuva. Eu sabia que não era conhecido pois eu conhecia todos os vizinhos da redondeza.

“Eu capotei meu carro ali na estrada, preciso de ajuda pois minha mulher esta machucada e precisa de cuidados médicos, eu vi sua casa da estrada e.” – disse o homem sem fôlego até ser interrompido por meu tio.

“Não precisa explicar mais.” – disse meu tio pegando a chaves da camioneta e saindo.

Sem perguntar nada eu entrei com eles no veículo e partimos. Em um minuto já estávamos onde o carro se encontrava. Eu e meu tio corremos para o carro, o homem ficou lá dentro do carro, paralisado, olhando na direção do carro e chorando quieto. Eu e meu tio agachamos para ver a situação da mulher dele e para nosso choque ali estava o homem que bateu na porta da fazenda, todo ensangüentado. Sua mulher não estava diferente. Eu fiquei com medo mas meu tio me olhou e disse:

“Rápido temos que levar os dois para o hospital.” – Disse ele ignorando o fato sinistro e forçando a porta para abrir.

Tiramos os dois do carro e os levamos para o hospital, o homem, como eu e meu tio sabíamos já estava morto a mulher estava com ferimentos graves mas sobreviveu. Algumas horas depois saímos do hospital e fomos de volta para a fazenda. Quando chegamos contamos a historia para meus primos e minha tia, eles ficaram morrendo de medo. Terminei de contar a história e alguém bateu na porta, meus primos correram para o quarto de medo e meu tio abriu a porta só que desta vez não tinha ninguém.
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Marcio Matheus

A Igreja Assombrada

Alguns anos atrás quando eu tinha 18 anos, me mudei para salvador com a minha família, pois meu pai havia sido transferido pela empresa onde trabalhava. Alguns dias depois voltando do colégio eu vi um cartaz na porta da igreja dizendo que precisavam de zelador e decidi me candidatar à vaga. Depois de conversar com o padre ele decidiu me dar uma chance e eu comecei no mesmo dia, meu turno seria das três da tarde até as nove da noite, a igreja fechava as sete então eu tinha duas horas para limpar o chão e os assentos.

No meu segundo dia coisas estranhas começaram a acontecer e eu fiquei muito assustado. Eram umas oito da noite e o padre havia ido jantar na casa de um amigo, eu fiquei sozinho na igreja terminando a limpeza. Eu fui até o armazém da igreja buscar alguns produtos e quando voltei para minha surpresa havia uma mulher vestida de luto ajoelhada em um dos assentos e estava chorando. A principio eu pensei que tinha deixado a porta aberta então fui me aproximando para falar com ela.

“Desculpe senhora mas a igreja já esta fechada, a senhora pode voltar amanhã as sete da manhã que ela já vai estar aberta.” – disse eu à mulher que continuou com a cabeça baixa e chorando.

Vendo o estado da mulher eu a deixei ficar por ali e quando eu fosse embora eu pediria que ela saísse comigo. Continuei limpando e acabei esquecendo a mulher até que escutei passos na igreja, quando eu olhei para a direção de onde vinha eu não vi nada e a mulher já não estava lá. Eu corri para a parte de atrás da igreja, onde tinha escutado os passos, por que pensei que ela tinha ido pra lá. Quando eu cheguei não tinha ninguém, então voltei ao saguão de missas chequei todas as portas da igreja e todas estavam trancadas.

“Onde esta meu filho?” – escutei uma voz vinda do altar.

Eu olhei e não tinha ninguém, só vi um vulto andando e desaparecendo. Com medo, eu saí correndo da igreja e acabei topando com o padre na porta. Ele estava muito abatido, perguntei o que era, ele me falou que sua mãe tinha falecido momentos atrás e ele veio se preparar para viajar para cidade onde ela morava. Ele entrou na igreja e eu fui atrás para ajudá-lo. A mulher estava outra vez ajoelhada no banco, quando passamos por ela o padre a ignorou totalmente e ela me olhou tirando o véu negro que cobria seu rosto. O terror tomou conta de mim, a mulher estava pálida e chorava muito. Eu decidi não dizer nada para o padre com medo que ele pensasse que eu estava fazendo uma brincadeira de mau gosto. Eu fiquei apavorado, queria sair da igreja mas não queria deixar o padre sozinho. Ele começou a fazer a mala e tirou uma foto da cômoda e me mostrou, meu sangue gelou novamente, a mulher na foto era a mesma que chorava na igreja.

“Esta era a minha mãe, eu tirei a foto quando me transferiram para esta cidade, ela sempre pedia para que eu fosse visitá-la, mas como eu sempre estava ocupado aqui nunca fui. Agora ela faleceu e eu nunca mais vou vê-la.” Disse o padre com a voz tremula.

O padre foi para o enterro da mãe, por dois dias trabalhei somente de dia enquanto a igreja estava aberta, e quando o padre finalmente regressou, eu pedi demissão. Igreja agora eu só vou aos domingos, mas ainda morro de medo, vai ver que a mãe do padre ainda o está vigiando do além.

A Babá e o Palhaço -Lendas urbanas

Susy chegou pontualmente às nove da noite na casa onde iria cuidar de duas crianças de três e cinco anos enquanto seus pais iriam a um jantar de negócios em uma cidade vizinha.

Depois de dar as explicações para o casal saiu da casa deixando Susy com as crianças que já haviam ido deitar-se, o que evitou que ela conhecesse as crianças ou seu quarto.

Algum tempo depois ela escutou choro de crianças no andar de cima onde ficavam os quartos e foi lá ver o que era. Chegando lá encontrou as duas meninas chorando muito.

“O que foi?” – perguntou Susy.

“Eu não gosto de palhaços.” - disse uma delas estendendo a mão para um canto do quarto.

Susy levou um susto ao ver um boneco de palhaço do tamanho de uma pessoa adulta. Segundos após recuperar do susto ela também ficou com medo, pois aquele boneco era muito assustador. Pensou por que os pais deixariam um boneco tão feio no quarto das meninas. Ela sentou e cantou canções para as duas até elas voltarem a dormir. Depois disso voltou para o primeiro andar da casa e foi assistir televisão.

Um estouro acompanhado do choro das meninas minutos depois alertou novamente a babá. Ela correu para o quarto onde as meninas encontravam-se chorando da mesma maneira de ante.

“Vocês tem que voltar a dormir. Ainda estão com medo do palhaço?

“Ele estourou um balão pra nos assustar.”

Susy olhou para o chão e viu o balão estourado, uma agulhada no estomago a deixou preocupada. Ela olhou para o palhaço uma vez mais e pensou que ele estava em outra posição da primeira vez que ela o viu. Ela também ficou com medo e disse para as meninas que iria pedir para os pais virem embora. Desceu as escadas e pegou o telefone que estava na parede, mas estava sem linha. Foi até sua bolsa, pegou o celular e digitou o numero deixado pelos pais das crianças, a mulher atendeu.

“Oi aqui é a Susy, eu estou ligando porque as meninas estão com muito medo. Eu queria saber se eu posso tirar ou cobrir aquele boneco de palhaço gigante lá no quarto delas.”< “O que? Nós não temos nenhum boneco de palhaço em casa.” Somente ai Susy deu-se conta que não mais ouvia o choro das crianças e saiu em disparada para a escada. O suor frio descia pela sua testa, seu coração disparado e a boca seca deixam clara a sensação de pavor que ela sentia naquele momento. Cada degrau da escada parecia ter quilômetros, pois ela queria ver as crianças e saber se estava tudo bem. A única coisa que a mãe da criança escutou foi um grito e o telefone caindo no chão. O casal voltou para casa imediatamente e quando chegaram encontraram as duas crianças e a babá mortas. Todas tinham seus rostos pintados de palhaço e um balão de hélio amarrado no braço.

Gravata Suicida

Então de repente o alarme toca, a suave música clássica era a única parte calma do meu dia, que irônico, o começo é sempre mais suave que o fim, talvez pela inocência de esperar algo novo, algo diferente, talvez pela esperança de mudança, mas no fim, era a mesma música, a mesma esperança, o mesmo dia.
Me levantei, e como de costume, fui para o banho, escovei os dentes, coloquei o terno, ah como eu odeio o terno, o símbolo da opressão, do fim da individualidade, dentro dele somos todos iguais, a única peça que nos diferencia é a gravata, azuis, brancas, pretas, pratas, até amarelas, tudo que te diferencia do mundo, ter sua personalidade reduzida a uma gravata, que situação.
Minha mulher já estava de pé, fazendo o café, arrumando a mesa, já haviam alguns anos que não nos beijávamos mais, nem um bom dia, nem um ‘querido’, a relação não passava de formalidade, de necessidade, ‘feitos um pro outro mas por exclusão’.
-Bom dia querida.
-Você vai se atrasar, já são 15 para as 8.
-Bem, eu estava pensando, podíamos fazer algo hoje a noite, o que acha? Uma janta, um cinema.
-O trânsito está cada vez mais agitado, é melhor não perder a hora com futilidades.
E assim se resumia nossa relação, feitos um pro outro mas por exclusão.
No caminho para o trabalho, era a rádio, propagandas, musicas ruins, musicas iguais, musicas repetidas, um dia repedido, um dia ruim, o dia-a-dia. O transito, o stress, as pessoas, reduzidas aos seus carros, sua personalidade reduzida a sua marca, é nessa hora que eu gostava de observar as pessoas, quando elas abaixavam a guarda. No transito a natureza selvagem do ser humano transparecia, todos querendo ser o primeiro, todos se achando o primeiro, cara a cara todos são educados, ou ao menos fingem ser, um ‘bom dia’ seco, um ‘obrigado’ sem um pingo de agradecimento. Mas nos carros, era como uma mascara, o interior se manifestava, buzinas, xingamentos, falta de paciência, essa é a nossa essência, ou seria o nosso ego?
-Bom dia senhor, bela gravata.
-5 minutos atrasado, estamos perdendo tempo, tempo é dinheiro, vá para sua mesa, e resultados, quero resultados. – Disse o chefe, sem um contato, sem um indicio de personalidade, me tratando como mais um, nem a minha gravata me diferenciava mais, nem meus resultados, tudo era resultados, mas nem tudo dava resultados, a gravata, nem mesmo ela me dava valor, nem mesmo ela me diferenciava, são tudo resultados, resultados.
Engravatados em suas mesas, ligando, atendendo, vendendo, digitando, robôs de gravata, robôs sem identidade, sem opinião, sem personalidade, marcas de carros, marcas de gravatas, homens sem marca.
E o dia foi passando, passando bem devagar, o relógio tinha toda expectativa, ele era grande bem no centro da imensa parede, as mesas todas conjuntas, os ternos todos iguais, mas o relógio, ele era bonito, ele dava felicidade pro lugar, éramos todos engravatados presos ao relógio, presos as mesas, aos resultados, mas o relógio estava lá, fazendo seu trabalho, alimentando a esperança, passando devagar.
De repente vejo um pequeno movimento na janela, o prédio era alto e eu trabalhava no 20° andar, dava pra ver todos os outros prédios da região. Os engravatados começaram a se organizar e fazer fila na janela, eu fui ver o que estava acontecendo também. No prédio ao lado estava um homem, de gravata, na cobertura do prédio, seu rosto era irreconhecível, pois era uma grande distancia entre os prédios, mas podíamos ver claramente seu terno, e sua gravata.
As pessoas começaram a comentar, ninguém estava entendendo, o que um engravatado estava fazendo fora do escritório essa hora, ‘os resultados’ as pessoas diziam, qual o motivo dele estar lá? De repente, ele começou a andar devagar para a beirada do prédio, um ar frio encheu minha barriga, será que ele ia pular?
E o alvoroço começou, risadas, e um clima descontraído ocupou o estresse do local, o relógio grade e bonito parecia ter parado, e podíamos ouvir todos os tipos de comentários. Um dizia que ele não tinha coragem, outros queriam saber quem era o individuo de gravata, e até um bolão de apostas foi feito, de repente quando menos se espera ele fica em pé na grade de segurança, os engravatados ficam loucos, em êxtase, qualquer coisa era válida para mudar a rotina, mudar o dia, alegrar o ambiente.
Eu fico em pânico, nunca tinha presenciado algo assim tão de perto, como alguém pode querer tirar a própria vida? Mas o que mais me chocava, era a reação dos meus colegas de trabalho, eles não estavam vendo um homem prestes a tirar a vida, eles estavam vendo mais uma gravata, apenas uma gravata.
Alguns diziam, ‘ei, esse homem trabalha aqui, no 20° andar, alguém sabe o seu nome?’, mas ninguém sabia, na verdade todos ficaram curiosos para saber de quem se tratava, pois ninguém nunca tinha percebido ele aqui, eu também não.
Então de repente, ele abre os braços, fecha os olhos e simplesmente se solta, não foi um pulo, foi apenas um simples movimento de se libertar, de se soltar. E todos observaram, aos gritos, não sei distinguir se de espanto, ou de alegria, mas juro ter ouvido gargalhadas ao fundo.
Depois do estrago, podíamos ver o corpo no chão, destroçado, as pessoas embaixo do prédio, na rua, ficaram por alguns segundos em choque observando, mas logo após continuaram suas rotinas, ‘é apenas mais um engravatado’, eles deviam pensar. Os meus colegas de trabalho voltaram pra suas mesas, e para sua batalha contra, e a favor do relógio.
Parecia um dia comum, que nada tinha acontecido de diferente, mas eu não consegui me focar mais, nem no relógio, só conseguia ver a cena passando em minha mente, não do suicídio em si, mas da reação das pessoas, ninguém se importava, era apenas uma gravata a menos.
Voltei para casa, minha esposa já dormia e eu passei a noite acordado me revirando na cama, pensando no suicídio, no relógio, nos colegas, na gravata, então me lembrei que alguém disse que a gravata suicida era um dos nossos, que ele também trabalhava naquele 20° andar, decidi procurar saber quem era, e então peguei num sono, sem ao menos perceber que eu dormi.
Então de repente o alarme toca, a suave música clássica novamente, me acordando pra mais um dia, mais uma chance de fazer algo bom, diferente, mais uma chance de mostrar ao mundo que eu não era apenas uma gravata, e então veio a visão do suicida a minha mente, invadindo o fundo da minha consciência, eu só conseguia pensar nele, na situação, e lembrei que tinha que descobrir quem ele era.
Fiz minha rotina como de costume, banho, escova, café, roupas, gravata, e fui novamente tentar algo com minha mulher.
-Bom dia querida, você não vai acreditar no que aconteceu ontem no trabalho.
- Você vai se atrasar, já são 15 para as 8.
-Um homem se suicidou no prédio ao lado, ele pulou na frente da cidade inteira, e ninguém parecia se importar.
-O trânsito está cada vez mais agitado, é melhor não perder a hora com futilidades.
E assim se resumia a nossa frustrada chance de contato, de casamento, de vida, nós éramos feitos um pro outro, mas por exclusão.
Dirigindo novamente pro trabalho, a mesma rota, as mesmas músicas, vazias, chatas, as pessoas gritando, a raiva transparecendo, o estresse do dia começando, hoje vai ser um dia difícil, eu pensava, ou será que vai ser um dia como todos os outros?
-Bom dia senhor, você sabe do paradeiro do suicida de ontem? Ele realmente trabalhava aqui?
-5 minutos atrasado, estamos perdendo tempo, tempo é dinheiro, vá para sua mesa, e resultados, quero resultados. – Disse o chefe, mais uma vez não queria nenhum contato, nem nada, só queria resultados, por que eu ainda tentava algo diferente?
O dia demorava a passar, o relógio parecia mais lento hoje, a imagem do suicida não saia da minha mente, então sai da minha mesa e fui procurar informações, fui ignorado pelos colegas, pela secretaria, pelo RH, ninguém parecia saber dele, ou se importar com minha presença, comecei a sentir o que o suicida devia ter sentido, falta de identidade, falta de ser notado, mas não era um motivo suficiente para tirar sua própria vida.
Decidi ir para os arquivos de contratos e ver qual nome estava faltando, procurei por ‘rescisões recentes’ um jeito bonito de falar, ‘demitidos, gravatas sem resultado’ e lá estava desde a criação da empresa, todas as rescisões de contrato, todas as demissões, procurei as mais recentes, e realmente existia uma, porem ela estava em branco, lá estava a data de ontem, uma foto em branco e todos os dados em branco, apenas a data e o nome como ‘Sujeito 20°’, será que era o suicida? Mas por que não há nenhum dado, nenhum registro?
O silêncio da sala foi cortado por um alvoroço, e não tive tempo de pensar no quão estranha era toda essa situação, as pessoas começaram a se reunir na janela, e a gritar, rir, estavam em êxtase como ontem, eu não entendia por que, quando me aproximei da janela e vi, outro homem no mesmo prédio, com a mesma gravata, se aproximando da beirada da cobertura.
Meu deus, o medo tomou conta do meu corpo, eu não conseguia prestar atenção na bagunça que meus colegas faziam, nas apostas, nos gritos, não conseguia tirar o olho daquele homem e daquela gravata, seriam homens diferentes? É claro, não tem como alguém voltar dos mortos para se suicidar novamente. Mas por que tantas pessoas se matando assim, sem mais nem menos? Isso não é normal.
O homem estava parado, olhando para baixo, depois para cima, depois para a gravata. Dessa vezes eu consegui ver mais detalhes, pois estava totalmente desligado das outras coisas, o relógio, as pessoas não importavam mais, ao meu redor eu só conseguia prestar atenção naquele homem. Será que o suicida de ontem deu coragem para ele, não tem lógica, nada disso tem lógica, dois suicídios na mesma semana, um dia após o outro, e ninguém acha estranho, todos estão com a mesma ‘naturalidade’ de ontem, não faz sentido.
De repente, observo um detalhe que não tinha percebido ontem, o homem sobe na beirada e tira sua gravata, desfaz o nó e a joga ela ao vento, a gravata voa, faz rodopios no ar e sai de cena, deixando o engravatado, sem gravata, o homem sem identidade. Ele então se solta, como o homem ontem e cai, levemente, até ser destroçado pela gravidade.
As pessoas na rua desviam de seu corpo, os colegas de trabalho sentam novamente, como de costume. Mas eu não consigo, eu começo a ter enjôos e para piorar a situação ouço um grupo comentar ‘Vocês viram? Acredito que ele trabalhava aqui, no 20° andar, que coincidência não?’.
Outro daqui? O que está acontecendo? Será a maldição do 20° andar? Mas ninguém se preucupa, nem o chefe, nem a secretaria, nem os empregados, menos 2 homens, menos 2 gravatas, menos 2 resultados, e ninguém se importa.
Depois disso comecei a passar mal, não consegui continuar trabalhando, nem mesmo continuar observando o relógio, que passa devagar, que nos controla. Fui embora para casa, não falei nada para ninguém, ‘eles vão entender’, e realmente parecia que ninguém notou, ou se importou, ou os dois.
Chegando em casa, comecei a vomitar, uma febre me atingiu, minha esposa estava dormindo, eu pedi ajuda as ela parecia estar em um sono profundo, pois nem se movia quando eu chamava, então eu fui para o banho, me olhava no espelho embaçado pelo vapor d’água, mas o mais estranho era que eu olhava no fundo dos meus olhos, e não conseguia ver quem estava ali, não se parecia comigo, qual foi a ultima vez que eu me olhei no espelho? Sempre me arrumava, colocava a gravata, mas nunca tinha tempo para dar uma olhada no espelho, isso meu preocupou um pouco. ‘Ah, você está é abalado com essas mortes, amanha tudo volta ao normal’, eu dizia para mim mesmo, tentando me tranqüilizar, sai do banho e fui direto para a cama, estranhamente estava completamente esgotado, deitei na cama e desapareci do mundo, apaguei.
Então, o despertador tocou, a mesma musica clássica de sempre, mas dessa vez não tive tempo para ouvir a melodia ou refletir sobre ela, me levante renovado, devo ter dormido muito, não lembro nem de ter sonhado. Me arrumei rapidamente, e passei rápido pela sala, dessa vez não tomei café da manha.
Minha esposa nem notou minha presença e eu também não me importei, tinha uma investigação a fazer. Fui direto para o carro, vi minha personalidade florescer, pois tinha pressa, buzinei, xinguei, quase bati o carro, mas queria chegar logo.
Quando cheguei fui direto para a sala da administração e procurei novamente por outro empregado, possível suicida de ontem, e torci para conseguir ter mais dados que o de anteontem, mas nada. Apenas o mesmo registro, sem foto, e sem nenhum dado relevante. Decidi então ir ao prédio do lado e perguntar se alguém sabia alguma coisa sobre eles, afinal eles subiram a cobertura, será que ninguém lá sabia quem eram eles?
Chegando lá procurei, conversei com as pessoas, tentei na verdade, pois todos tinham afazeres demais e não tinham tempo para conversar, lá era um apartamento bem organizado, uns 2 porteiros e vários moradores subindo e descendo, nenhum teve tempo para falar comigo. Fiquei horas e horas buscando ajuda, mas ninguém se importava, foi quando ouvi algumas pessoas gritando do lado de fora, ‘Ele vai pular, meu deus.’ Fui correndo para fora e consegui ver, outro homem na cobertura, outro engravatado, dessa vez eu estava mais perto e consegui ver a gravata dele, parecia com uma que eu tinha, vermelha, tom de força, de personalidade, um tom chamativo, eu adorava aquela gravata.
As pessoas estavam agitadas, algo quebrou sua rotina, um homem vai se suicidar bem na frente delas, eu achei que eles estariam em choque mas pareciam mais animadas que meus colegas do escritório. Eu não entendia aquilo, pelo terceiro dia seguido um suicídio, no mesmo prédio, homens com o mesmo terno, e ninguém movia um músculo, ninguém procurava investigar, ninguém procurava ajudar.
Então eu decidi, fui correndo até a cobertura, as escadas em forma de caracóis foram rapidamente ultrapassadas, nunca corri tanto em minha vida, pensando no que falar, se eu queria realmente ajudar, se eu queria saber o que estava acontecendo, ou se assim como as outras pessoas eu queria apenas um motivo para sair da rotina.
E então eu estava lá, abri a porta da cobertura, o piso era todo cinza, com rachados, várias antenas e eu vejo em minha frente um homem de costas, olhando para baixo, para cima, pensando.
-EI, não faça isso, eu sei que aqueles homens pularam ontem e antes de ontem, eu não sei por que, mas não posso deixar outro homem pular, não faça isso.
O homem continuava sem reação, parecia que não conseguia me ouvir, ou então estava tão imerso nos seus pensamentos que não via mais nada ao seu redor, a única pergunta que eu me fazia, ‘o que o trouxe aqui...’.
-Amigo, a situação deve estar ruim, mas sempre se pode melhorar, se você pular, as coisas não vão se resolver magicamente. É preciso lutar pela felicidade.
-E o que você sabe sobre a felicidade? – Disse o homem em um tom familiar, eu me assustei, foi a primeira vez em dia que alguém tira tempo para responder alguma pergunta minha, ou falar comigo, tinha muito tempo que não tinha algum contato real com outro ser vivo.
-Olha amigo, posso não ser a melhor pessoa para te ajudar no momento, nem a mais feliz que você já conheceu, mas tenho certeza que as coisas não se resolvem assim. Luta pela sua felicidade, pelo seu reconhecimento, honre sua gravata. – Então o homem deu uma leve risada irônica.
-A gravata não é mesmo? Tudo de resume a maldita gravata, os resultados, as marcas, é o que realmente importa, a gravata azul, a vermelha, ela pode até mudar, mas o homem na gravata continua o mesmo, sem face, sem nome.
O homem começou a me assustar, ele parecia conhecer bem os problemas que rondavam minha cabeça, as duvidas mais profundas, ele parecia me conhecer. Talvez ele também trabalhe no 20° andar também, deve ser isso, é, provavelmente todos lá passam pela mesma coisa. E então o homem diz algo que me deixa em choque, profundamente abalado.
-Falando em nome, você ainda consegue se lembrar do seu?
O mundo parece desabar sobre mim, ‘meu nome, meu próprio nome’, tantos dias preocupado com a gravata, e eu nem me lembro mais, do meu nome. Me esforço com todas as forças ,tento lembrar de familiares, amigos, mas ninguém vem a minha cabeça, nenhuma memória, nenhum momento, nenhum nome.
-Você se lembra do ultimo final de semana? Da ultima festa? Da ultima noite de amor que você passou ao lado de alguém amado? Pois é, eu também não, por isso estou aqui. E também é por isso que você veio aqui, a quase 50 anos atrás, mas é claro, o tempo é relativo, quando estamos presos a mercê da nossa própria mente.
Então o misterioso homem se virou, e o que eu vi me deixou gelado, eu vi meu próprio rosto, minha própria gravata, ele sorriu para mim, e eu não consegui fazer nada, nem perguntar nada, mil perguntas se passavam pela minha cabeça, ele se virou novamente, se colocou de pé ao lado do fim da cobertura, tirou a gravata, tirou o nó e a lançou ao vento. Eu não pude fazer nada, não estava em condições, não conseguia entender, e então ele se jogou, dessa vez como todas as outras ele apenas se soltou, e deixou a gravidade fazer o resto do trabalho.
Eu estava ali, parado, olhando ao redor, olhei para cima, para baixo, me aproximei do fim da cobertura, da sua grade frágil, e por mais que tentasse não conseguia lembrar meu nome, não conseguia me lembrar de quem eu era, do por que estava ali, e por que aquele homem parecia tanto comigo, foi então que as coisas começaram fazer sentido.
‘O tempo é relativo, quando estamos presos a mercê da nossa própria mente’, o que ele quis dizer com isso? Eu estou a 50 anos vivendo isso? Porque não me lembro de nada? E então as cenas do meu dia começaram a passar, a mesma musica de alarme, a mesma mulher no mesmo lugar, as mesmas frases, o mesmo caminho para o trabalho, as mesmas musicas chatas e propagandas idiotas no caminho para o trabalho, o mesmo chefe, a mesma mesa, o mesmo relógio, eu estava preso, naquele dia, não sei quanto tempo estou aqui, tudo parece igual, tudo é igual, a gravata, é a mesma.
Então a gravata jogada vem voando, rodopiando e para sobre meu pé, eu agacho e pego ela, então eu vejo que estou sem a minha gravata, que na verdade a gravata na minha mão era a minha gravata. ‘Tudo se resume a gravata’, eu sempre tentei ser diferente, sempre tentei ter uma identidade, mas tudo se resumia a essa maldita gravata, estou preso em uma tentativa frustrada de tentar ser notado de me fazer ser notado, e nem mesmo na morte eu consegui ser notado. Tirei algumas risadas dos colegas, alguns olhares espantados dos pedestres, mas La estava eu, novamente em cima do prédio, olhando para baixo, olhando para cima, tudo era vazio, e eu me perguntava até quando aquele pesadelo iria durar.
Então eu me soltei, simplesmente me soltei, cansei de lutar contra a correnteza, eu não era ninguém, eu era uma gravata, e mesmo numa ultima tentativa frustrada de ser notado eu nunca fui ninguém, apenas mais um coitado que não agüentou a solidão do dia a dia, o cansaço da rotina, a chatice da vida. Nem no meu ultimo instante, eu fui alguém, eu nunca passei de uma gravata, uma gravata suicida.
Enquanto caia, pensava se iria doer, eu não me importava, meu corpo parecia flutuar, e não era uma sensação ruim, eu só pensava que o fim estava próximo, que o cansaço iria acabar, que a felicidade estava próxima a medida que o chão se aproximava.
E então um vazio tomou conta de mim, tudo ficou preto, eu não era mais corpo, não tinha pernas, nem braços, nem cabeça, era apenas um ponto, num buraco negro, o que está acontecendo, será esse o castigo eterno do suicida? Eu imaginava um inferno quente, vermelho, com demônios, e torturas eternas, eu sempre soube o destino do suicidas, e até isso me parecia confortável. Mas nunca pensei que o fim, era um vazio, um imenso vazio, um ponto negro na escuridão, o tempo passava, mas o que era o tempo senão uma ilusão, de uma mente limitada que nem em vida conseguiu ser alguém, ainda mais morto, uma gravata suicida, atormentada pela eternidade pelo seu maior medo. Eu nunca tive medo da morte, mas tinha medo de morrer, sem nunca ter vivido.
Então de repente o alarme toca, a suave música clássica era a única parte calma do meu dia, que irônico, o começo é sempre mais suave que o fim, talvez pela inocência de esperar algo novo, algo diferente, talvez pela esperança de mudança, mas no fim, era a mesma música, a mesma esperança, o mesmo dia.

O Monastério


O ano era de 1432, já era noite quando o sino do portão do monastério tocou. Frei Romeu correu para ver quem era segurando somente uma tocha na mão. Ele era o responsável pelo portão e segurança do monastério, pois havia muitos ladrões nas vilas vizinhas roubando o pouco que eles produziam.

“Quem é você?” – perguntou Romeu.

“Meu nome é Joel, estou viajando e preciso de um abrigo. Tem uma tempestade vindo do norte posso me ferir se eu ficar exposto.”

Frei Romeu olhou para o céu e viu nuvens carregadas se aproximando do monastério. Abriu o portão e deixou o homem entrar. Era obrigação da igreja dar abrigo para as pessoas que necessitavam.

“Para onde está indo Joel?”

“No momento para nenhum lugar e para todos ao mesmo tempo.”

“Bem estranha sua resposta, mas tudo bem. Você vai ficar no celeiro com os cavalos, não é permitida a entrada de forasteiros no alojamento. Se quiser pode assistir a missa e comer na cozinha”


“Não tem problema, até gosto de animais e prefiro ficar por aqui mesmo, tenho minha própria comida não se preocupe.”


Os dois escutaram o sino do portão e olharam em sua direção.

“Deve ser mais gente querendo abrigo.” – disse Romeu.

“Vou me recolher e dormir, pois estou muito cansado, nos vemos amanhã. Obrigado pela ajuda.” – respondeu o visitante.

Frei Romeu correu para o portão e abriu a pequena janela, lá fora um homem muito feio com roupa de frade montado em cavalo negro esperava ser atendido.

“Sou Frei Hermes, fui transferido para este monastério pela nossa congregação” – disse o homem estendendo a mão com um pergaminho enrolado.

A porta foi aberta imediatamente e o novo morador entrou.

“Seja bem vindo irmão Hermes, eu levarei seu cavalo para o estábulo e você pode entrar no mosteiro, pergunte pelo irmão Mark ele vai te orientar e mostrar seu quarto.”

O estranho foi para a entrada do monastério e Frei Romeu foi colocar o cavalo nos estábulos. Entrou de vagar para não acordar Joel, pois sabia que ele estava muito cansado e não queria incomodar, mas o cavalo deu um pulo para trás e relinchou alto. Romeu tentou controlar o cavalo de todas maneiras mas não pôde.

“De onde veio esse cavalo? – perguntou Joel gritando.”

O cavalo saltou e derrubou Frei Romeu com as patas da frente e correu assustado para a escuridão da noite.

“De onde veio esse cavalo?” – questionou Joel sacudindo o frade.

“É de um frade que acaba de chegar. O que esta acontecendo?”

“Onde esta ele?”

“Não sei, deve estar na sala de jantar com os outros frades, pois já estão comendo. Por que você esta agindo assim?”

“Guie-me até lá, com sorte seus companheiros ainda estarão vivos.”

Joel abriu sua sacola e pegou um punhal de prata e um crucifixo de madeira e os dois correram para o prédio. Quando se aproximaram um pouco puderam ouvir gritos, gemidos e grunhidos animalescos. Romeu estava pálido, não sabia o que fazer e estava com medo. O que poderia estar causando tal confusão?

Joel abriu a porta da sala de jantar com um chute, o que mais temia tinha acontecido. Frei Romeu olhou com terror aquela cena. A sala estava cheia de sangue, corpos mutilados estavam em cima das mesas onde os frades comiam. O frei recém chegado havia se transformado, no lugar dos pés havia cascos, suas mãos agora eram garras, a pele se transformou em couro e os olhos estavam grandes e vermelhos.

A criatura olhou para Joel e gritou com ódio.

“Surpresa.” – disse Joel com um sorriso sínico para o demônio.

“Joel, veio se juntar ao meu jantar?”

“Não, vim acabar de vez com sua maldade. Você foi realmente inocente de ter mordido a minha isca. Seu chefe ficará desapontado quando souber da sua derrota.”

Os dois saltaram um em cima do outro e começaram a lutar. O demônio arremessava Joel nas paredes mas ele agüentava tudo com uma resistência sobre humana. Os frades que ainda estavam vivos observavam tudo com terror, se agarravam as suas cruzes e rezavam. Notaram que Joel tentava acertar a criatura com o punhal ou o crucifixo, mas o demônio era muito ágil. A luta continuou e a sala estava cada vez mais destruída e o demônio parecia estar ganhando a batalha.

Joel deixou o crucifixo cair no chão e o demônio riu. Agora com uma das mãos ele tentava segurar as garras que apertavam seu pescoço contra a parede. Frei Romeu olhou para os olhos de Joel que lhe pediam ajuda e correu em direção aos dois. Os outros frades tentaram segurá-lo, mas ele se recusou a ficar de braços cruzado então foi ao encontro dos dois, pegou o crucifixo do chão e o apertou com toda sua força contra as costas do demônio. Os símbolos cravejados no crucifixo iluminaram-se e o crucifixo começou a ser enterrado no corpo da criatura que a esse ponto havia soltado Joel e gritava rolando pelo chão tentando arrancar o objeto das costas.

“Ajudem-me a segura-lo com a barriga para cima” – gritou Joel.

Os frades saltaram em cima do monstro que já estava fraco e o seguram. Joel enfiou o punhal no estomago da besta que urrou de dor e tentou se revirar, mas os frades o mantinha deitado.

“Ele vai morrer?” – perguntou Romeu.

“Não precisamos levá-lo para o calabouço subterrâneo e prende-lo lá.”

“Mas ele é muito forte, vai romper as corretes.” – indagou um dos frades.

“Que calabouço é esse? Eu moro aqui há anos e nunca ouvi falar disso” – questionou Romeu.

“Somente alto clero o conhece, são secretos e usados para a inquisição. E ele não vai romper nada, o crucifixo e o punhal ficarão dentro para que não tenha força, funcionam como um tipo de prisão.”

Eles levaram o demônio para o calabouço e prenderam em uma mesa de tortura usada durante inquisição. Romeu olhou com terror ao ver esqueletos de humanos por toda parte e imaginou o sofrimento das pessoas presas naquele lugar.

“É o seu dever guardar esse demônio para ter certeza que ele não fuja, ele é imortal e somente está adormecido por que o punhal e a cruz o enfraquecem.” – disse Joel subindo as escadas.

“Quem é você?” – perguntou Romeu.

Ele não respondeu, todos foram atrás de Joel, mas ele já tinha desaparecido. Por centenas de anos os frades daquele monastério têm cuidado do demônio que continua adormecido no calabouço, mas seu espírito tenta dominar a mente dos frades para que o libertem e finalmente possa mais uma vez voltar ao exército do diabo.

Ritual Macabro


Já era noite quando quatro amigos chegaram a uma cabine nas montanhas geladas de Montana nos Estados Unidos que alugaram para passar o fim de semana. A neve cobria a casa e os pinheiros em volta e o vento gelado cortava seus rostos com força. Eles olharam para o céu e viram a lua cheia de trás de uma camada grossa e vermelha de nevoeiro. Sorriram uns para os outros, a noite estava mais que perfeita para seus planos.

Eles entraram na cabine, olharam todos os cômodos para confirmar que não havia ninguém. Dois deles foram para fora trazer a bagagem e os outros dois ficaram na sala. Eles foram arrastando os moveis formando um círculo. Quando tudo estava limpo, trouxeram a mesa de jantar para o meio.

Nesse momento os dois que foram para fora entraram na sala carregando um corpo de mulher. Ela estava amarrada e amordaçada. A colocaram em cima da mesa e amarraram seus braços. A mulher chorava e se debatia. Não sabia o que iria acontecer e o que aqueles homens queriam com ela.

Rapidamente eles começaram a espalhar velas pretas, vermelhas e brancas por toda casa. Quando terminaram vieram ao redor da mesa. Um deles colocou uma cruz virada para baixo em seu ventre. Cada um deles tirou um punhal de seus bolsos e fizeram um corte profundo em cada membro da mulher que gritava e se contorcia. O sangue que saia dela era colocado em pequenos vasos de metal. Depois de um tempo eles molharam suas mãos no sangue e esfregaram no rosto deixando a pele vermelha.

Eles deram a mãos formando um circulo em volta da mulher e começaram a repetir as palavras do ritual. Passados alguns minutos a mulher começou a se contorcer mais forte e a gritar com uma voz que não era a sua. Os quatro gritavam o encanto cada vez mais alto até que as velas se apagaram. A cabine ficou completamente escura. Eles se espalharam pela sala tentando acender as velas. Não foi preciso procurar muito porque elas se acenderam por si.

Eles se assustaram ao ver que a mulher não mais estava amarrada na mesa. Ela estava de pé, seus olhos estavam brancos e sua pele pálida como a de um morto. O ritual para invocar o demônio tinha funcionado.

“Vocês chamaram, eu estou aqui. O que querem?” – disse a mulher com uma voz grossa e rouca.

“Queremos te servir, em troca de alguns favores é claro.” – respondeu um deles.

A mulher soltou uma gargalhada que fez as paredes da casa tremer. Os quatro também tremiam de medo e terror e então eles se ajoelharam.

“Idiotas vocês, acham que podem exigir favores meus? Vou levar vocês para falar direto com o diabo.” - disse ela pulando em cima de um deles.

Ela enforcou o primeiro até a morte, os outros três desesperados tentaram fugir, mas não puderam abrir as portas nem janelas, a casa estava lacrada.

“Agora experimentem um pouco do que vão sofrer no inferno, sua nova casa.”

Dizendo isso ela soltou um grito ensurdecedor, os três que ainda estavam vivos caíram no chão tentando tapar os ouvidos, mas era em vão, pois o grito estava dentro de suas cabeças. A mulher andou em direção a porta, cada passo que dava deixava uma marca de fogo no chão. Ela saiu da casa e fechou a porta, olhou para dentro por uma das janelas e balbuciando algo fez o fogo das velas e de suas pegadas se espalharem.

Ela se afastou da cabine que em minutos estava toda em chamas. Observando os homens dentro batendo no vidro jogando cadeiras tentando quebrar o vidro enquanto seus corpos queimavam pouco a pouco ela se contorcia dando gargalhadas.

Horas depois a polícia e os bombeiros encontraram o corpo da mulher deitada na neve e a casa ainda em chamas. A mulher sobreviveu, mas foi incapaz de dizer como foi parar naquele lugar. Nenhum corpo foi encontrado dentro da casa.

O Prisioneiro

Tenho mofado em minha cela nessa penitenciaria imunda por vinte e dois anos. Hoje escrevo essa carta porque sinto que a vida em meu corpo esta desaparecendo e sinto necessidade não somente de confessar meus pecados, mas também de alertar a quem essa carta possa chegar sobre os perigos sobrenaturais que são terrivelmente ignorados por todos. Especialmente agora, nesse mundo de tecnologia tão avançada, as pessoas não têm mais tempo para enxergar o que está ao seu redor, ou até mesmo olhar as estrelas. Todos estão muito ocupados com as coisas que pouco lhes deveria importar.

Mas vamos aos fatos abomináveis de minha vida antes que eu perca sua atenção. O ano era o de 1982, eu era jovem, tinha somente 24 anos, trabalhador, honesto e suficientemente simpático para não me faltassem moças para cortejar. Era morador de uma cidadezinha miserável no sul do país, a qual o nome não revelarei.

Estava frio quando eu acordei de madrugada, estava sentindo uma sensação estranha, como se alguém estivesse me observando. Liguei a luz do abajur que ficava em cima do criado mudo ao lado de minha cama e olhei em volta. Tudo parecia normal, mas aquele sentimento estranho persistia. Tentei lembrar se estava tendo um pesadelo, mas tinha certeza que não. Apaguei a luz e voltei a dormir.

Nas noites que se seguiram o mesmo acontecia, eu acordava e a sensação de que havia alguém comigo ficava cada vez mais forte. Eu comentei com minha pobre mãe sobre o que estava acontecendo.

“Isso é sua imaginação.” Dizia ela.

Depois de algumas semanas eu já estava acostumado com aquilo e nem me incomodava mais, eu acordava no meio da noite e voltava a dormir sem me preocupar. Esse foi meu erro, ignorar o que não poderia ser ignorado.

Meus amigos e familiares começaram a reclamar do meu comportamento, diziam que eu andava nervoso, violento e sempre pronto para atirar palavras ásperas a eles. Eu sempre dava a desculpa de não estar dormindo bem, dizia que aquilo estava me matando e me tirando do sério, aliás, todos sabem como dormir mal pode afetar nosso comportamento.

Mas aquele sentimento bizarro começou a piorar. Então houve a primeira ocasião onde eu tive a certeza de que aquilo não era só impressão minha e que realmente alguém, ou algo, estava comigo durante as noites. Abri meus olhos, mas não podia me mover, tentei de todas as formas levantar ou gritar, mas meu corpo não obedecia aos meus comandos. Foi então que olhei com terror para um canto do quarto e vi o que parecia ser uma pessoa, não desse mundo tinha certeza, pois era somente uma sombra esfumaçada que ali se apresentava. A “coisa” como tenho chamado essa entidade desde então, começou a mover-se em minha direção. Aterrorizado tentei gritar, mas meu grito era abafado de maneira sobrenatural, como se milhares de mãos estivessem apertando meu pescoço.

Fechei meus olhos e repetia a mim mesmo “você esta tendo um pesadelo” até que senti que outra vez era o mestre do meu corpo e este me obedecia com eficácia apesar de sentir um pouco de dormência. Abri os olhos outra e meu quarto estava vazio. Dormi com a luz acesa o resto da noite. Na manhã seguinte fui ao encontro de minha família que estavam na mesa tomando seu desjejum. Contei tudo o que aconteceu. Meus dois irmãos mais novos riram, meu pai nem escutou e minha mãe continuou dizendo que eu estava tendo pesadelos que pareciam reais. Saí para ir ao trabalho furioso.

Aquilo virou uma rotina, todas as noites aquela criatura aparecia me imobilizava chegava perto de mim e desaparecia. Minha confissão vai te parecer muito bizarra e até mesmo anticristã, e hoje sei que essas são exatamente as palavras para descrever meus atos naquela época. Eu criei uma espécie de vinculo com essa coisa, não nos falávamos, mas eu acabei tomando gosto pela sensação desconfortante que aquilo me causava. O estado emocional em que me deixava após a paralisia não posso descrever, não era bom, mas de alguma forma eu gostava e talvez essa minha fraqueza foi o que levou ao meu ato de perversidade final.

Eu me lembro bem, dia vinte e dois de março, eu me sentia cansado e depressivo. Os ataques sombrios estavam sugando minhas energias e de alguma forma eu perdia o controle do meu corpo. Nessa noite eu acordei exatamente às quatro e meia da manhã e ali estava o espectro outra vez. Notei que algo estava diferente, eu podia sentir seu cheiro e sua forma estava mais solida do que nunca. Mesmo não podendo imaginar com o que aquilo se parecia me horrorizei com aquela imagem demoníaca que se aproximava de mim. Outra vez tentei em vão me libertar das correntes invisíveis que me prendiam os movimentos, eu queria correr, sabia que algo de ruim estava para acontecer.

Foi então que o monstro deitou-se em cima de mim e começou a sussurrar algo em meus ouvidos. Ainda hoje não sei o que ele dizia, mas soava maligno e hipnotizante. Minha visão foi desaparecendo, sentia que meu espírito estava sendo sugado, até que eu perdi a consciência.

Escutei um grito masculino alto e forte, quando abri os olhos vi a bota de um policial se aproximar do meu rosto com violência. Fui jogado no chão e coberto por outros policiais que me seguravam enquanto outro me algemava. Olhei em volta, notei que estava na cozinha, os corpos dos meus pais e irmãos estavam no chão com os membros despegados do corpo e dilacerados. O sangue no meu corpo denunciava que eu era o autor daquele crime bárbaro, o sangue dos meus familiares em minha boca me acusava de um dos maiores crimes que alguém pode cometer contra outro ser humano, o canibalismo.

Desde então, fui atirado nessa cela nojenta e cheia de bichos. Convivendo com o mais baixo tipo de ser humano existente no mundo. Não me matei ainda por covardia, porém creio que não será mais necessário, pois tenho uma doença que avança a cada dia e meu fim está próximo.

Esse foi meu alerta para as pessoas que lerem essa carta. Estejam sempre vigilantes e não se deixem levar pela falta de cuidado. Hoje conheço outras histórias similares a minha e sei que essas entidades, demônio, diabo ou espírito maligno, seja qual for sua denominação correta, nos utiliza como veículos para matar sua sede insaciável de sangue.

Terror No Hotel


Em um hotel de quinta categoria na beira da estrada ás três horas da manhã, Christian toca o sino da recepção, ninguém apareceu por alguns minutos e seu cachorro se mostrava muito agitado.

“Calma Boy, daqui a pouco vamos comer e descansar” – disse ao cachorro como se estivesse conversando com uma pessoa.

Boy começou a latir e Christian tocou o sino varias vezes até um senhor de idade aparecer. O homem com aparência mal humorada olhou o cachorro com cara feia.

“Não aceitamos cachorros aqui.” – disse o velho em voz alta enquanto Boy latia alto.

“Preciso de um quarto e algo de comer.” – disse Christian ignorando o comentário sobre Boy.

“São vinte e oito reais para o quarto, comida só de manhã, tem uma maquina ali com batatas e outras coisas do gênero, agora o cachorro vai ter que ficar de fora.” – respondeu o recepcionista.

“O cachorro vai dormir comigo.” – Disse ele colocando uma nota de cinqüenta reais no balcão.

O velho pegou a nota e entregou a chave a ele sem reclamar. Christian colocou dinheiro nas maquinas de comida e refrigerante e saiu com as mãos cheias. Foram para o quarto e comeram assistindo um filme em preto e branco na televisão velha. Logo depois os dois dormiram.

No meio da noite Christian acordou com Boy rosnando e latindo, olhou para ele e viu que o cachorro estava latindo para a porta do banheiro que estava um pouco aberta.

“O que você encontrou ai Boy? Vai deitar.” – disse Christian colocando o travesseiro encima da cabeça.

Boy não parou de latir e Christian olhou para onde ele estava latindo. Para seu terror, a porta do banheiro abriu e fechou, abriu e fechou e continuou fazendo o mesmo sem parar. O rangido da porta o fez arrepiar, quis sair do quarto correndo, mas não podia se mover de medo. A televisão acendeu sozinha, não tinha imagem somente o chuvisco e chiado. Christian tentou mudar de canal sem sucesso.

Ele decidiu ir até o banheiro para ver o que tinha lá, quando acendeu a luz a imagem que viu o aterrorizou. O banheiro estava todo sujo de sangue e em frente ao espelho havia uma mulher pálida, de olhos vidrados e com os pulsos cortados.

“Me ajuda, eu não quero morrer assim.” – disse a mulher gritando enquanto chorava.

Christian ficou paralisado, a mulher foi se aproximando dele repedindo o pedido de ajuda. Ele via o desespero da mulher mas ficou sem reação, ela estava urinado de dor e medo pois sabia que iria morrer. O mal cheiro de sangue e urina se espalharam pelo banheiro, Christian sentia vontade de vomitar, nunca teve um sentimento tão ruim, mas não conseguia se mover ou reagir a nada, até que despertou do choque com o latido de Boy, ele olhou para o cachorro que recuava do local pedindo que seu dono saísse dali.

Ele saiu do banheiro seguindo Boy e fechou a porta. O silencio tomou conta do quarto e a televisão desligou. Christian pensou no sofrimento da mulher e abriu a porta novamente, para seu espanto o banheiro estava limpo e vazio. Ele não pensou duas vezes, pegou sua mochila e saiu do quarto com Boy e foi até a recepção. Bateu varias vezes no sino até que o mesmo velho apareceu. Christian contou-lhe a história, o velho escutou tudo sem mudar a cara.

“Você não é o primeiro a me contar essa história, varias pessoas já presenciaram isso. Alguns anos atrás uma mulher viciada em drogas se matou naquele quarto. Eu imagino que ela se arrependeu de ter cortado os pulsos mas não pôde conseguir ajuda antes de morrer e agora fica assombrando meus clientes. Eu já trouxe de pastor à pai-de-santo aqui mas nada adiantou. Desculpe mas não tenho outro quarto para te oferecer.” Disse o homem devolvendo o dinheiro.

Sem dizer uma palavra Christian pegou seu dinheiro e foi embora para nunca mais voltar. Os acontecimentos daquela noite marcaram sua vida para sempre. Olhou uma vez mais para a direção do quarto, pela janela ele pôde ver o fantasma da mulher batendo no vidro da janela com os pulsos cortados e gritando algo que Christian não podia escutar. Ele lamentou pela mulher mas foi embora e desta vez sem olhar pra trás.

Portal Do Inferno

Algumas crianças Brincavam nas Proximidades de um sitio abandonado, localizado não muito distante da zona urbana, caçando pássaros com seus estilingues e colhendo frutas das arvores da redondeza, quando decidiram-se brincar na velha casa do Sitio. Derrepente os meninos saem da casa aos gritos de pavor, correndo entre as trilhas no mato circunvizinho que dava para fora daquela propriedade. Voltando para suas casas assustados e totalmente em choque contando a todos a cena que viram ali naquele casebre abandonado. Imediatamente alguns pais e curiosos resolveram invadir o velho sitio a fim de averiguar a historia dos garotos.

Pulando a cerca que ficava aproximadamente uns cem metros da casa, que por volta estava cheia de mato, folhas secas e lixo trazidos pelo vento, mas nada que justifica-se o fedor que vinha de dentro do casebre abandonado. Havia muito tempo que ninguém residia ali, aquela propriedade estava há muito tempo abandonada, a casa estava caindo aos pedaços, às portas comidas pelos cupins, buracos na telha, chão da varanda completamente coberto de folhas secas e paredes deterioradas pelo tempo. Nenhum vestígio de animal morto! Alguns homens da cidade que estavam ali para averiguar se armaram com pedaços de pau, pedra e tudo que podiam encontra pelo caminho dentro da propriedade em direção a casa.

Lentamente eles se aproximam da porta, que possuía duas bandas, porém uma estava tão destruída que contia-se pendurada apenas por uma só dobradiça. Uns olhavam um para outro, tampando o nariz de tamanha podridão. Um dos que ia a frente chuta o único lado perfeito da porta arremessando os restos podres no chão, entra gritando com pedaço de pau na mão, até paralisar-se vendo a bizarra e terrível cena a sua frente. Os demais o acompanhavam lentamente, enquanto outros voltavam imediatamente diante a horripilante visão que estava a sua frente. No centro da sala, com o telhado furado, deixando penetra somente alguns raios de luz pelo telhado, estava um homem amarrado por uma corda que vinha da linha central do telhado. O mesmo encontrava-se de cabeça para baixo, todo em estado de putrefação. Sua frente outro estava sentado, com o corpo para frente. Em volta de si pedaços de corpos retalhados; mãos, pé, orelhas e um braço. Se aproximado mais dava para perceber que por baixo do homem amarrado encontrava-se um tigela que dava para concluir que aparava o sangue do indivíduo. Os dois corpos estavam cheios de bichos, estava em estado de decomposição avançado.

Os cidadãos de imediato ligaram para as autoridades competentes que chegaram até o local para analisar os fatos. Como se tratava de algo sério, bizarro, encaminharam o caso para as autoridades superiores. Todos os lados estavam voltados para a pequena cidade. Tanto a mídia como a população esperavam a pericia decifrar tal caso. Poucas explicações foram dadas e dentre muitas especulações a conclusão é que tratava-se de bruxaria. Pouco a pouco o caso foi esquecido pela população, a casa do sitio foi derrubada e o terreno ficou desabitado, dando espaço a uma vegetação de mato fechado. Um ano depois ninguém nem mesmo lembrava-se do caso!

Lucas Matos, um Jornalista da capital, havia acompanhado por partes o caso até seu possível arquivamento. Um ano depois os editores chefe do Jornal policial resolveram abrir uma reportagem investigativa. Resolveram apura os fatos e voltar o caso a mídia, encarregando Lucas de tal tarefa. Através de contatos na policia ele inicia a investigação, entrevistando agentes que na época encarregaram-se do caso. Investigando mais afundo descobriu que o mesmo caso foi abandonado. A primeira coisa que descobriu foi que a equipe policial achou no local uma câmera que registrou todos os fatos. A segunda é que não havia somente duas pessoas na casa mais sim cinco pessoas, sendo duas mulheres e três homens. A terceira evidencia apontavam para um ritual satânico que estava revelado nas filmagens, porém as mesmas continham cenas bárbaras, chocantes e totalmente sobrenaturais! A equipe que assistiu todo o episódio no vídeo praticamente não resistiu, sendo que houve apenas um sobrevivente na equipe, único que não se se suicidou, porém ficou lunático, perdendo toda e qualquer sobriedade. O ponto principal do caso ainda era misterioso, o vídeo desapareceu misteriosamente e virou motivo de grande temor na policia. Sendo que ninguém se quer referia-se ou tinha ousadia de falar do caso.

O mito entre tais era que o vídeo matava quem o assisti-se. Lucas apurando os fatos conseguiu chegar o mais perto possível da solução do paradeiro do vídeo. A polícia destruiu do mesmo, porém um mês antes alguém havia copiado a fim de jogar as imagens na internet. O pior estava para acontecer! O corrido com o vídeo desaparecido estava recente e quem copiou provavelmente estava pronto a divulgar na web e desencadear uma maldição sem precedentes. Lucas orientado por evidencias resolveu procurar um dos únicos paranormais que havia acompanhado o caso. Antonio Alves o vidente. O suposto vidente tinha chegado a seguinte conclusão:

“ Não assiste ao vídeo porque não consegui resistir a força do mau que acompanhava o objeto. Porém adverti que a equipe deveria destruir o objeto. E nos relatos que ouvi a cerca do mesmo cheguei a conclusão que realmente tratava-se de bruxaria, um pacto satânico e que isso estava relacionado a abertura de uma portal do inferno!”

Onde Está Meu filho? -Lenda Urbana



Alguns anos atrás uma moça de vinte e oito anos estava internada nesse hospital com câncer em estado avançado. Ela estava grávida de sete meses e meio quando a internaram pela ultima vez, seu marido havia morrido três meses antes em um acidente de carro. Ela cresceu em um orfanato em São Paulo e não tinha família. Os empregados do hospital se comoveram com sua história e todos faziam o possível para alegrá-la, porém nada adiantava. Sua tristeza pela solidão e o fato de que talvez nem conheceria seu filho pois o preço de dar a luz a criança poderia ser sua vida, e ela estava disposta a pagar.

Alguns dias depois de ser internada ela veio a falecer. Os médicos conseguiram salvar o bebê e o nomeou João, em homenagem sua mãe que se chamava Joana. Uma das enfermeiras do hospital começou com o processo de adoção do bebê, pois seu marido não podia ter filhos e ela viu a oportunidade para ter um filho, depois de quatro meses a adoção foi concedida.

A verdadeira mãe da criança parece que não se esqueceu do filho nem depois da morte. Laura (nome fictício da enfermeira que adotou o bebê) estava de plantão quando um paciente veio falar com ela.

“Alguém tem que tirar aquela mulher do meu quarto”.

“De que mulher o senhor esta falando?”

“Aquela doida que esta gritando comigo e perguntando "onde esta o filho?".”

Laura foi até o quarto do paciente e não havia ninguém lá. Ela chamou o médico que disse que ele poderia estar alucinando e o sedaram. Quando ela voltou para seu posto seu telefone tocou, ela atendeu, seu corpo estremeceu de terror. A voz feminina vinda do outro lado lhe era conhecida.

“Onde esta meu filho? Por que você o tirou de mim?” – questionava a voz chorosa do outro lado da linha.

Laura começou a rezar. O fantasma da moça a estava assombrando, mas nada adiantou. Outras pessoas começaram a relatar que haviam visto o fantasma.

O tempo passou e Laura continuava vendo e escutando a verdadeira mãe de seu filho. Os pacientes da ala de câncer também continuaram a ver as aparições. O hospital tentando encobrir disse que era efeito de um medicamento para câncer, mas a população daqui não acreditou. Meses depois mudaram a ala de câncer para um prédio novo, mas o fantasma foi junto e as pessoas continuaram a ver o fantasma. Laura se demitiu e nunca mais viu o fantasma da mulher. Mas dizem o hospital ainda continua assombrado. Vários empregados do hospital já a viram andando pelos corredores do hospital perguntando pelo filho, os pacientes dizem que escutam alguém tocar na porta, mas quando abrem não tem ninguém.

A Carona



Essa é a história de um amigo caminhoneiro que mora em Goiânia. Ele sempre esta na estrada ganhando o pão da família e uma vez ou outra me conta histórias de arrepiar que acontecia em suas viagens, vou compartilhar com vocês algumas dessas histórias que ele me contou pessoalmente.

Eis que uma vez, estava Ronaldo fazendo o trecho São Paulo-Goiânia. Parou em um posto de gasolina pra abastecer e comer algo. Sentou-se no balcão da lanchonete e fez seu pedido. Enquanto estava comendo, uma mulher bonita e até bem vestida sentou-se do seu lado e puxou conversa com. Conversa vai e vem deu a hora de ir embora ele se despediu e saiu da lanchonete. Quando ligou o caminhão ali estava a mulher. Ele abaixou o vidro para ver o que queria e ela pediu uma carona, disse que morava na cidade vizinha e não queria andar até lá, que apesar de perto, já eram duas da manhã. Sem hesitar ele aceitou.

A cidade era realmente perto, dez minutos depois de sair do posto chegaram ao trevo. Apontando uma esquina ali no trevo, pediu pra parar e desceu do caminhão. Ronaldo se assustou quando viu que ali era o muro de um cemitério.

“Como você tem coragem de ficar aqui? Vamos embora eu te levo em casa, não importa que seja longe.” – disse ele com medo de deixar ela ali.

“Eu já estou em casa” – disse a mulher andando em direção ao muro do cemitério e desapareceu.

Contando essa história e conversando com outros caminhoneiros, descobriu que o fantasma era de uma prostituta que residia na cidade onde ele a deixou. Ela teria sido estuprada e morta por um caminhoneiro que a pegou naquele posto. Dizem que seu fantasma fica assombrando caminhoneiros como forma de vingança. Hoje, Ronaldo sempre desvia do trecho onde encontrou a mulher com medo de vê-la novamente.

E você? Daria carona a um estranho(a) na estrada?

Empresa Assombrada Parte 2


No dia seguinte Denis chegou meia hora mais cedo para poder conversar com o guarda do dia.




“Bom dia Arnaldo, como vai?”




“Bem e você? Como foi sua primeira noite de vigia aqui?”




“Muito estranha, não quero que pense que eu sou louco, mas creio que vi coisas que não posso explicar.”




“Olha pode parar, o outro vigia noturno começou com essas histórias até que um dia saiu correndo no meio da noite e não voltou mais para trabalhar. Ligou e pediu que lhe enviassem os documentos assinar pelos correios, imagina, ele nem aqui quis voltar.”




“Ele dizia que via o espírito do doutor Flávio assombrando o prédio.” – disse a faxineira que limpava o chão por perto.




“Quem era esse homem?” – perguntou Denis.




“Para de colocar caraminholas na cabeça do Denis dona Maria, espíritos não existem.”




“Doutor Flávio era um dos donos da empresa, junto com o Maurício. Ele se suicidou aqui mesmo, as pessoas dizem que era porque a mulher o estava traindo, mas ela negou tudo. Maurício então tomou conta dos negócios até o filho do doutor Flávio, o Rodrigo, se formar e vir trabalhar aqui. Agora os dois gerenciam a empresa. Mas me conta, o que foi que você viu?” – perguntou a faxineira curiosa ignorando o pedido de Arnaldo.




“Nada de importante, deve ter sido impressão minha.” – respondeu Denis olhando o rosto desapontado de dona Maria. “Quando foi esse suicídio?”




“Doze anos atrás. Eu mesma limpei a sala depois do corpo ser retirado, eu acho que nunca chorei tanto em minha vida. O doutor Flávio era um homem generoso, foi ele que me deu o emprego e todos gostavam dele. Ninguém imaginava que um dia ele poderia fazer isso.” – disse Maria.




“Olha aqui a foto dos empregados na festa de natal do ano anterior ao suicídio. Esse era o Flávio, esse o Maurício e esse bonitão aqui sou eu.” Disse Arnaldo apontando uma foto.




Denis começou a tremer, observava a foto com terror, não somente tinha confirmado de que teria visto um fantasma, mas agora sabia da verdade sobre a terrível morte de doutor Flávio.




“Que isso Denis, parece que viu fantasma? Olha ai dona Maria, o homem esta pálido que nem papel.”




“Impressão sua e acho que já esta na hora de vocês irem.” – Respondeu Denis seriamente.




Ele sentou em sua cadeira a observar os monitores, porém sua mente estava longe, imaginando o que faria se o fantasma aparecesse de novo. E se conseguisse provas de que Maurício tinha assassinado Flávio. Iria limpar a imagem suja daquela família que a tantos anos vinha sofrendo com aquela mentira.




Denis decide ligar o rádio que até agora estava desligado por medo. Se o fantasma do doutor Flávio queria ajuda talvez se comunicasse novamente pelo aparelho.




Quando chegou a hora da primeira ronda, o vigia sentiu medo, estava aterrorizado com o fato de que poderia novamente ver o espírito do homem na janela, ainda mais com aquela ferida sangrenta na cabeça. Depois de bater o ponto confirmando sua ronda voltou-se para o prédio e para sua surpresa estava vazio. Ele sentiu um alívio, mas também ficou desapontado. “Será que me mostrei muito medroso e afugentei o espírito que precisava de ajuda?” perguntou a si.




Tentando tirar tudo da cabeça ele voltou ao seu posto. Sentou-se na cadeira e se serviu um pouco de café. Sentia-se feliz por não ter visto nenhuma assombração, talvez agora sua vida voltasse ao normal.




“Denis...” – disse uma voz masculina sussurrando bem perto de sua orelha.




O vigia saltou da cadeira deixando o café derramar em sua camisa. O medo era tanto que ele nem sentiu o café queimando sua pele. Ele olhou em volta, porém ali não havia ninguém. Os monitores e o rádio saíram do ar e somente o som e a imagem da estática apareciam. Alguns papeis que estavam por ali voaram de um lado para outro, uma sombra grande andava em sua direção.




“Me deixa em paz, eu não fiz nada para você.” – gritou Denis desesperado.




“Denis...” – repetia a voz no rádio.




Ele então correu para a porta tentando escapar do pandemônio que se formara ao seu redor. A porta que certamente não estava trancada era mantida fechada por uma força invisível. Tudo então se acalmou, Denis olhou ao redor e apesar da bagunça formada ali não via nada sobrenatural.




“Seis direita, quarenta e nove esquerda, quarenta e sete esquerda, trinta direita, nove direita.” – dizia a voz no rádio.




Denis olhou para os monitores e todos mostravam a sala de Maurício onde havia um cofre perto de sua mesa.




“Seis direita, quarenta e nove esquerda, quarenta e sete esquerda, trinta direita, nove direita.” – repetia a voz destorcida rádio.




Depois de ter anotado os números que possivelmente eram a combinação daquele cofre, ele se colocou a pensar nos riscos. O que teria naquele cofre de tão importante que um fantasma queria? O que faria se encontrasse algo?




Em um impulso levantou-se, foi até o cofre e o abriu com aquela combinação. Sentiu um calafrio e uma brisa leve passando por ele e uma das pastas que estavam dentro do cofre caiu no chão. Na capa da pasta estava escrito “Contabilidade Confidencial”. Voltando-se para a porta se assustou ao ver que o fantasma do doutor Flávio estava ali. Dando as costas o espírito saiu da sala, Denis correu a traz dele e o foi seguindo até que desapareceu na porta de um dos escritórios. O escritório era de Rodrigo, filho de Flávio. Ele entrou e decidiu que seria melhor deixar a pasta em cima de sua mesa, assim ele não teria que envolver-se quando a polícia chegasse.




No dia seguinte, Rodrigo chamou a polícia depois de analisar os papeis que comprovavam que Maurício havia roubado seu pai por anos e anos. Os policiais, agora sabendo a verdade sobre seus negócios ocultos ficaram desconfiados do suicídio de Flávio. Após horas de interrogatório e muita pressão conseguiram a confissão do assassinato.




De noite, durante sua primeira ronda depois de ter ajudado o fantasma Denis não sabia o que esperar. Quando olhou para o prédio viu o espírito novamente, este lhe acenou adeus, uma luz forte iluminou o lugar e foi diminuindo até se apagar. Denis entendeu que o espírito atormentado de doutor Flávio finalmente tinha encontrado a paz.

Empresa Assombrada Parte 1

Quando Denis recebeu o telefonema da empresa de contabilidade onde tinha se candidatado à vaga de vigia noturno gritou de felicidade, após vários meses desempregado era tudo o que ele precisava.

No dia seguinte às sete da noite ele já estava em seu posto, seu turno era de doze horas que não seriam tão monótonas, pois tinha trazido um radio a pilha para escutar enquanto vigiava os monitores das câmeras de segurança.

“Aqui é a sala de monitores, você passa quase toda a noite sentado e olhando os monitores das salas. O quadro de chaves da empresa esta do lado da porta no caso de você precisar abrir alguma, todas tem etiqueta. A cada três horas faça uma ronda no pátio ao redor do muro para checar se esta tudo nos conformes. Na esquina do muro na parte de traz tem um relógio que você tem que bater ponto, só assim sabemos que você realmente fez a ronda.” – disse o vigia do dia explicando as regras do serviço.

Denis sentou-se na cadeira, ligou seu radio e fixou o olhar nos monitores. Algumas horas depois já com os olhos ardendo olhou para o relógio e realizou que já tinha passado alguns minutos do horário da ronda. Pegou sua lanterna e foi para o pátio e começou a andar ao redor do lugar, em um momento ele olhou para o prédio e viu o que parecia ser a silhueta de um homem no segundo andar olhando para ele.

“Quem está ai?” – gritou Denis correndo em direção ao prédio.

Ele correu para a sala de monitores e observando-os viu que não tinha ninguém em nenhum lugar do prédio. Seria sua mente pregando uma peça? Sentiu medo e solidão, estava de noite e não havia ninguém por perto e ele tinha certeza que viu alguém na janela então decidiu ir até o segundo andar para averiguar.

Quando ele saiu do elevador acendeu todas as luzes que pôde e começou a andar pelo lugar. A principio não ouviu nem viu nada. Continuou andando e notou que estava se aproximando da sala onde teria visto a pessoa, sacou a pistola por precaução, tentou abrir a porta, mas esta estava trancada. Pegou o molho de chaves quando escutou um barulho, a porta tinha aberto. Seu sangue gelou, mas ele foi em frente e entrou devagar, o rangido da porta fez seu corpo arrepiar de medo. Ele entrou na sala que estava vazia e escura, procurou o interruptor para ascender à luz, porém não encontrou.

Ele continuou andando na sala procurando algum vestígio da pessoa que vira alguns momentos atrás. Sem sucesso em sua busca ele ficou mais tranqüilo, pois tinha medo de ter problemas já no primeiro dia. Chegou perto da janela e olhou para o pátio vazio, novamente sentiu medo por estar só. Escutou um barulho de papel e quando se virou viu alguns papeis voando de uma das mesas.

“Deve ser o vento.” – pensou ele enquanto seu subconsciente lhe avisava de que não havia janelas abertas e não havia nenhuma corrente de ar. “Deve ser o vento.” – repetiu em voz alta.

Depois de voltar à sala de monitores, Denis colocou um pouco de café em sua xícara, aumentou o volume do rádio e voltou-se para os monitores, tudo calmo como era de se esperar.

“Desgraçado...” – gritou uma voz masculina no rádio com uma mistura de estática em meio a música fazendo o vigia saltar da cadeira.

A música continuou por alguns segundos.

“Você vai morrer e ninguém saberá.” – disse uma segunda voz.

A música continuou por mais alguns segundos e um som de disparo fez com que ele saltasse da cadeira outra vez. A música seguiu como se nada tivesse acontecido.

Já era uma hora da manhã e hora da próxima ronda. Denis não tirava as vozes que tinha ouvido no rádio da cabeça. Tentava enganar-se dizendo que tudo era fruto de sua imaginação, mas no fundo sabia que as vozes tinham sido reais. Com medo saiu para a ronda.

Depois de bater o ponto no relógio do muro voltou-se para o prédio e novamente viu a sombra no segundo andar. Desta vez não perguntou nada, ficou olhando a sombra e imaginando se alguma coisa estava criando aquela sombra, mas mal terminou de pensar e as luzes do prédio foram acendendo, sala por sala até que a sala onde a sombra estava se iluminou. Denis deu um grito de terror. A visão era terrível, um homem de terno cinza e camisa branca, com um furo na testa sangrando. O sangue escorria por seu rosto e molhava sua camisa. Andando para trás o vigia tropeçou no concreto que separava o asfalto da grama e caiu no chão, ao olhar novamente para o prédio se assustou vendo que estava novamente vazio e escuro.

Ele voltou ao seu posto e começou a observar o monitor da sala do segundo andar onde estava o suposto fantasma, mas a sala se encontra vazia. De repente a imagem desaparece e um sinal de estática toma conta da tela, em seguida uma nova imagem aparece, porém desta vez a imagem não é como a que vira antes.

Os móveis eram diferentes, mais antigos. Denis vê um homem abrindo um cofre e retirando uma pasta cheia de papeis, ele tinha certeza que este homem era o que vira na janela. O homem senta em uma das mesas e começa a ler os documentos. Um tempo depois outro homem entra na sala, pelos gestos que faziam dava para notar que estavam discutindo. O primeiro homem saca um revolver do bolso, a música do rádio novamente era interrompida e Denis escutou “Desgraçado”, que parecia ter sido dita pelo homem com a arma. O segundo homem da um salto para cima do primeiro e eles começam a lutar, depois de um tempo lutando o primeiro é desarmado. O segundo homem aponta a arma para seu oponente. Denis escuta “Você vai morrer e ninguém saberá” vindo do rádio e em seguida um disparo. Na tela, o atirador limpa a arma, a joga perto do corpo e sai da sala. O monitor volta a mostrar uma sala vazia e escura.

Continua...


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